domingo, outubro 26, 2014

Que Aborrecido!Meus dias de rapaz, de adolescente, 
Abrem a bocca a bocejar sombrios: 
Deslizam vagarozos, como os rios, 
Succedem-se uns aos outros, egualmente. 

Mas não ter eu aspirações vivazes, 
E não ter, como têm os mais rapazes, 
Olhos boiando em sol, labio vermelho! 

Quero viver, eu sinto-o, mas não posso: 
E não sei, sendo assim, emquanto moço, 
O que serei, então, depois de velho... 

António Nobre, in 'Só'

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